A comunicação eficaz depende não apenas de transmitir uma mensagem clara, mas também de utilizar uma linguagem precisa e apropriada de acordo com o contexto.
No entanto, muitos falantes cometem erros que prejudicam sua comunicação, comprometendo a clareza e a imagem profissional ou pessoal.
Esses erros são conhecidos como vícios de linguagem — formas inadequadas ou ineficazes de usar a língua, que podem desviar o foco da mensagem e prejudicar a credibilidade do falante.
Esses vícios de linguagem, comuns no uso cotidiano da língua portuguesa, podem surgir por uma série de fatores, incluindo o desconhecimento gramatical ou o uso inadequado de expressões.
Neste artigo, discutiremos os principais vícios de linguagem que afetam a comunicação, como evitá-los e como esses deslizes podem comprometer a imagem do falante, especialmente em contextos profissionais e formais.

1. Pleonasmo Vicioso
O pleonasmo ocorre quando se usa uma repetição desnecessária de palavras ou ideias que já estão implícitas na frase. Embora o pleonasmo possa ser um recurso estilístico em determinados contextos, no cotidiano ele frequentemente aparece como uma redundância que compromete a clareza.
Exemplos:
- Subir para cima (a palavra “subir” já implica movimento para cima)
- Entrar para dentro (o verbo “entrar” já denota a ideia de ir para dentro)
Impacto na comunicação:
O pleonasmo vicioso passa a ideia de falta de domínio do idioma e pode gerar uma impressão negativa sobre a competência linguística do falante.
No contexto profissional, ele enfraquece a mensagem ao adicionar termos desnecessários, tornando a comunicação menos objetiva e menos clara.
2. Cacofonia – Vícios de Linguagem
A cacofonia é um dos vícios de linguagem que ocorre quando a combinação de palavras gera um som desagradável ou cria uma expressão não intencionalmente cômica ou inconveniente.
Exemplos:
- Vou-me já (soa como “vomitar”)
- Uma mão estava na mesa, outra no bolso (mamão)
- Eu vi ela essa tarde na escola (viela)
Impacto na comunicação:
Esse vício pode causar desconforto ou distração no ouvinte, desviando a atenção do conteúdo para o som inadequado das palavras.
Em situações formais, como reuniões ou apresentações, a cacofonia pode minar a seriedade da mensagem e comprometer a credibilidade do comunicador.
3. Barbarismo – Vícios de Linguagem
O barbarismo é o erro que ocorre ao usar uma palavra incorretamente, seja em sua grafia, pronúncia ou sentido. Esse vício pode incluir o uso de estrangeirismos sem necessidade ou o uso incorreto de palavras do próprio idioma.
Exemplos:
- Beneficiente (o correto é “beneficente”)
- Menas (o correto é “menos”)
Impacto na comunicação:
O barbarismo frequentemente passa a imagem de falta de conhecimento, o que pode prejudicar a reputação do falante em ambientes formais ou acadêmicos.
No mundo corporativo, o uso incorreto de termos pode comprometer a credibilidade e a percepção de profissionalismo.
4. Ambiguidade – Vícios de Linguagem
A ambiguidade ocorre quando uma frase ou palavra pode ter mais de um significado, levando a interpretações equivocadas. Isso ocorre principalmente quando a estrutura da frase é confusa ou quando palavras com múltiplos sentidos são usadas sem clareza.
Exemplos:
- “Eu vi a moça com o telescópio”. Não fica claro se a moça está segurando o telescópio ou se a pessoa que fala está usando o telescópio para ver a moça.
- “Minha filha saiu correndo da loja de skate”. Não fica claro se ela saiu de skate ou era uma loja que vendia esse objeto
- “Precisamos encerrar a reunião com o fornecedor rapidamente.”
(Encerrar porque estamos com pressa ou encerrar junto com o fornecedor?) - “Vamos alinhar o projeto com a equipe de vendas.”
(Alinhar o projeto com os objetivos da equipe de vendas ou alinhar o projeto junto com a equipe de vendas?)
Impacto na comunicação:
A ambiguidade pode levar a mal-entendidos e gerar confusão. No ambiente corporativo, uma instrução ambígua pode resultar em erros na execução de tarefas, atrasos e perda de tempo.
Além disso, a falta de precisão pode comprometer a autoridade do comunicador, fazendo-o parecer descuidado.
5. Solecismo – Vícios de Linguagem
O solecismo é o erro que ocorre na construção gramatical de uma frase, incluindo erros de concordância, regência ou colocação pronominal. Ele pode aparecer tanto na fala quanto na escrita.
Exemplos:
- Haviam muitas pessoas no evento (o correto é “havia muitas pessoas no evento”)
- Gostaria que você me ajudasse com os relatórios, porque eu estou precisando. (o correto seria “preciso”, sem o uso do gerúndio)
Impacto na comunicação:
Solecismos revelam um uso inadequado da língua e podem afetar a percepção de profissionalismo do falante.
Em apresentações, reuniões e documentos formais, o uso incorreto da gramática enfraquece a mensagem e pode reduzir a confiança do público na competência do orador.
6. Eco – Vícios de Linguagem
O eco é o vício de linguagem que ocorre quando palavras com sons muito semelhantes são usadas em sequência, causando uma sonoridade repetitiva e desagradável.
Exemplos:
- “Precisamos alinhar o alinhamento da estratégia para garantir que todos estejam alinhados com os objetivos da empresa.”
- A divulgação da promoção não causou comoção.
Impacto na comunicação:
O eco pode tornar o discurso confuso e cansativo para o ouvinte. Em um contexto profissional, o uso frequente de ecos pode dar a impressão de falta de preparo e desorganização, comprometendo a fluidez da apresentação.
7. Estrangeirismos Desnecessários
O uso de palavras estrangeiras é comum em determinados contextos como em ambiente corporativo ou áreas específicas do conhecimento, como o marketing ou a tecnologia.
No entanto, quando usado em excesso ou sem necessidade, os estrangeirismos podem tornar a comunicação menos acessível e mais confusa.
Exemplos:
- Vamos fazer um meeting para discutir o budget. (o correto seria “Vamos fazer uma reunião para discutir o orçamento.”)
Impacto na comunicação:
O uso exagerado de termos estrangeiros pode parecer pretensioso ou desnecessário, especialmente se houver equivalentes precisos na língua portuguesa.
No ambiente corporativo, pode alienar ouvintes que não estão familiarizados com o jargão, prejudicando a comunicação e a clareza da mensagem.
8. Gerundismo
O gerundismo ocorre quando se utiliza de maneira excessiva ou inadequada o tempo verbal no gerúndio, o que pode tornar a fala ou a escrita cansativa e prolixa.
Exemplos:
- Vou estar enviando o relatório até o final do dia. (o correto seria “Enviarei o relatório até o final do dia.”)
- Estamos analisando e estaremos tomando uma decisão em breve. (o correto seria “Estamos analisando e tomaremos uma decisão em breve.”)
Impacto na comunicação:
O uso excessivo do gerúndio gera uma sensação de indecisão e enrolação, e pode passar a impressão de falta de objetividade ou clareza. Em ambientes corporativos, onde a precisão é valorizada, o gerundismo pode minar a confiança dos interlocutores na competência do falante.
Conclusão
Os vícios de linguagem, apesar de muitas vezes parecerem inofensivos, têm um impacto direto na forma como uma mensagem é recebida.
No ambiente profissional, a escolha inadequada das palavras pode prejudicar a clareza da comunicação, comprometer a credibilidade do orador e até afetar a imagem pessoal e profissional.
Para evitar esses vícios, é importante praticar uma comunicação clara e objetiva, além de buscar sempre aprimorar o uso da língua, seja por meio de leituras, cursos ou mesmo solicitando feedback de colegas.
Uma comunicação eficaz é uma poderosa ferramenta para transmitir ideias, conquistar a confiança do público e fortalecer a imagem pessoal e profissional.

Especialista em linguagem (Língua Portuguesa) com foco na linguística funcional e pragmática. A maioria dos artigos publicados neste canal tem como objetivo aumentar a nossa percepção sobre o uso da linguagem nas relações sociais e no contexto do trabalho. Afinal, somos permeados pela linguagem!