Você já pensou que a falta de confiança pode ser tão prejudicial quanto o excesso dela?
No vídeo de hoje do canal Youtube Universo da Linguagem trago uma reflexão e identificação de como a linguagem denuncia o que sentimos e pensamos, mesmo quando tentamos esconder.
Antes de tudo, é importante entender que um pouco de desconfiança é necessária em alguns momentos da nossa vida cotidiana. Ela é um mecanismo de autopreservação.
Em tempos de internet, contatos virtuais e situações de risco, desconfiar é, muitas vezes, sinônimo de cuidado.
Mas, aqui está o ponto central, quando essa desconfiança se torna excessiva, ela começa a corroer algo fundamental: nossas relações humanas.

Machado de Assis e o espelho do comportamento desconfiado
Para ilustrar o tema, trouxe um personagem marcante da literatura brasileira: Dr. Félix, da obra Ressurreição, de Machado de Assis. (Um livro de poucas páginas, mas uma história linda com muitos ensinamentos, se quiser ler, segue o link da amazon: https://amzn.to/4qzlp3I )
Félix é um homem inteligente, educado, mas profundamente inseguro. Ele reconhece que não confia nas pessoas, e isso o leva a destruir suas próprias relações. Mesmo quando encontra o amor verdadeiro, com a jovem viúva Lívia, a dúvida constante o acompanha:
“Você me ama? Realmente, você me ama?”
A repetição dessa pergunta mostra algo muito mais profundo: quem desconfia do outro, geralmente não confia em si mesmo.
Essa falta de confiança, alimentada por medos e experiências passadas, transforma-se em um ciclo de auto-sabotagem emocional.
Quando a desconfiança invade o ambiente de trabalho
No contexto profissional, esse comportamento se manifesta de várias formas.
Talvez você conheça alguém assim — ou talvez já tenha se comportado dessa maneira em algum momento:
- A pessoa que não delega tarefas, por achar que ninguém fará tão bem quanto ela.
- A que verifica o trabalho do outro repetidas vezes, como se nunca estivesse completamente segura.
- Ou aquela que, ao tirar férias, deixa tudo “em ordem”, não para facilitar, mas para impedir que outros deem continuidade ao seu trabalho.
Esses são sinais de falta de confiança crônica. No início, parecem atitudes de zelo, mas com o tempo geram ambientes tensos, desmotivados e improdutivos.
E o pior: quem desconfia demais, transmite desconfiança — e se torna difícil de lidar, comprometendo sua própria reputação profissional.
Como a linguagem denuncia a falta de confiança
A linguagem é um espelho.
Quem desconfia, mesmo sem perceber, revela esse sentimento na fala, na escrita e nas atitudes.
Na comunicação verbal, isso aparece em tons sarcásticos, críticos ou repetitivos, em perguntas que parecem inocentes, mas escondem insegurança:
“Você tem certeza mesmo?”
“Posso confiar nesses dados?”
“Será que é o melhor caminho?”
Essas expressões, usadas de forma constante, desgastam as relações e criam barreiras emocionais no ambiente de trabalho.
Na linguagem não verbal, o corpo também fala: o olhar desconfiado, o gesto contido, o distanciamento físico; tudo comunica a ausência de segurança interior.
Como superar esse comportamento
Toda mudança começa pelo autoconhecimento.
Reconhecer a própria desconfiança é o primeiro passo, mas não basta. É preciso agir conscientemente para transformá-la.
Isso envolve olhar para o passado, entender suas causas — frustrações, decepções, traições — e seguir em frente, buscando amadurecimento emocional.
Em alguns casos, procurar apoio terapêutico é fundamental para romper padrões e reconstruir a autoconfiança.
A fala de Lívia, personagem de Ressurreição, resume bem a essência do tema:
“Félix, seu espírito engendrará nuvens para que o céu não seja limpo de todo.”
Enquanto não aprendermos a limpar o céu interno das nossas próprias dúvidas, viveremos sob tempestades que nós mesmos criamos.
Um convite à reflexão
No vídeo completo, aprofundo como a linguagem revela nossas inseguranças e trago reflexões práticas sobre como recuperar a confiança em si e nos outros, especialmente no ambiente de trabalho.
📽️ Assista ao vídeo no canal Universo da Linguagem e descubra como transformar a desconfiança em consciência, e a linguagem em uma aliada para construir relações mais leves, saudáveis e verdadeiras.
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Especialista em linguagem (Língua Portuguesa) com foco na linguística funcional e pragmática e mais de três décadas de vivência corporativa. O objetivo é aumentar a percepção sobre o uso da linguagem nas relações sociais e no contexto do trabalho. Afinal, somos permeados pela linguagem!
